Medicamentos ficaram até 165% mais caros no país, após a entrada em vigor do reajuste anual de preços no último domingo (dia 31). A variação foi encontrada pela CliqueFarma, ferramenta que compara preços em farmácias, em levantamento feito a pedido do EXTRA. Isso por que o percentual de reajuste fixado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed) foi de 4,5%, mas é aplicado ao Preço Máximo ao Consumidor (PMC) de cada remédio. E como este valor não é praticado pelas farmácias em geral, a margem para subir os preços é muito maior, explicam especialistas.

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A Losartana (50mg), de 30 comprimidos, era vendida por R$ 4,85 em uma farmácia no estado de São Paulo no último domingo. Na segunda-feira, no mesmo estabelecimento, o medicamento passou a ser vendido por R$12,86. Mesmo assim, o valor ficou dentro do Preço Máximo ao Consumidor (PMC), que é R$ 77,21.

— Como forma de estratégia de mercado, muitas empresas optam por aplicar seus preços normalmente abaixo do limite determinado pela CMED. Por isso, estas oscilações são facilmente observadas em um momento de reajuste permitido e os aumentos dos valores de medicamentos nas farmácias podem ser maiores do que os 4,5 % autorizados — explica Carina Mattedi, coordenadora do curso de Farmácia do Centro Universitário UniDomBosco.

O aumento além do reajuste pode ser revertido a qualquer momento, no entanto. Isso por que as farmácias, explica o diretor e fundador da CliqueFarma, têm políticas de precificação muito dinâmicas.

— As variações podem ocorrer devido a políticas de precificação de cada estabelecimento, descontos oferecidos, margens de lucro e até negociações com fornecedores ou baixa de estoque de produtos no mercado — diz Angelo Miguel Alves.

A maior parte dos estabelecimentos pesquisados, segundo a CliqueFarma, não subiram seus preços no primeiro dia de reajuste autorizado. O aumento deve ser aplicado de forma gradual, nas novas levas de medicamentos comprados.

Cinco aumentos além de 4,5%

Alfaepoetina – O preço subiu de R$ 70 para R$ 127,00 (81,43%). Citrato de Tamoxifeno – O preço subiu de R$ 15,52 para R$ 26,92 (73,45%). Cloridrato de Betaistina – O preço subiu de R$ 39,93 para R$ 63,78 (59,73%). Enoxaparina Sódica – O preço subiu de R$ 72,65 para R$ 111,55 (53,54%). Cloridrato de Terbinafina – O preço subiu de R$ 22,99 para R$ 33,83 (47,15%).

Cinco aumentos de 4,5%

Temozolomida – – O preço subiu de R$ 113,25 para R$ 118,35. Micofenolato de mofetila – O preço subiu de R$ 360 para R$ 376,20. Carboximaltose Ferrica – O preço subiu de R$ 769,32 para R$ 803,94. Mesilato de Imatinibe – O preço subiu de R$ 907 R$ 947,82. Denosumabe – O preço subiu de R$ 1.059,72 para R$ 1.107,41.

Dicas para economizar

1. Compare preços entre farmácias e, quando a compra não for urgente, busque preços de uma mesma farmácia em dias e horários diferentes.

2. Barganhe no balcão. Como a precificação de medicamentos é dinâmica, converse com o gerente da farmácia e procure saber se a cobrança feita é a mínima por aquele remédio. Fale sobre as propostas das concorrentes e, se for comprar um medicamento de uso contínuo, negocie um desconto para comprar maior quantidade. Angelo Miguel Alves lembra, no entanto, que é sempre importante certificar-se de que o medicamento tem uma validade longa.

3. Consulte preços de genéricos, após se certificar com o médico ou farmacêutico se a troca é adequada, indica Claudio Felisoni de Angelo, do Ibevar.

4. Verifique seus direitos em programas públicos. A professora Carla Beni, da FGV, lembra que a Farmácia Popular tem medicamentos gratuitos ou com uma redução significativa dos preços, e diversas prefeituras fornecem medicações em seus postos de saúde.

No Rio, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, todas as Clínicas da Família e Centros Municipais de Saúde contam com farmácias onde os usuários podem retirar gratuitamente os medicamentos de uso contínuo, como em casos de hipertensão e diabetes, e outros de uso eventual, como analgésicos e antibióticos. Para retirar o medicamento, é preciso apresentar a prescrição médica e um documento de identidade. Além disso, o Programa Farmácia Popular do Brasil, do Ministério da Saúde, oferece medicamentos gratuitamente ou com descontos de até 90%, em farmácias da iniciativa privada credenciadas. Essas farmácias são identificadas por adesivos ou banners com a inscrição “Aqui tem Farmácia Popular”. Para retirar o medicamento nessas farmácias, é preciso apresentar a prescrição médica, um documento de identidade com foto e o número do CPF. Os beneficiários do Bolsa Família têm acesso a todos os medicamentos disponíveis no programa de forma totalmente gratuita.

Remédios e insumos gratuitos da Farmácia Popular:

brometo de ipratrópio 0,02mg brometo de ipratrópio 0,25mg dipropionato de beclometasona 200mcg dipropionato de beclometasona 250mcg dipropionato de beclometasona 50mcg sulfato de salbutamol 100mcg sulfato de salbutamol 5mg cloridrato de metformina 500mg cloridrato de metformina 500mg – ação prolongada cloridrato de metformina 850mg glibenclamida 5mg insulina humana regular 100ui/ml insulina humana 100ui/ml atenolol 25mg besilato de anlodipino 5mg captopril 25mg cloridrato de propranolol 40mg hidroclorotiazida 25mg losartana potássica 50mg maleato de enalapril 10mg espironolactona 25mg furosemida 40mg succinato de metoprolol 25mg acetato de medroxiprogesterona 150mg etinilestradiol 0,03mg + levonorgestrel 0,15mg noretisterona 0,35mg valerato de estradiol 5mg + enantato de noretisterona 50mg alendronato de sódio 70mg

Remédios e insumos com copagamento da Farmácia Popular:

sinvastatina 10mg sinvastatina 20mg sinvastatina 40mg carbidopa 25mg + levodopa 250mg cloridrato de benserazida 25mg + levodopa 100mg maleato de timolol 2,5mg maleato de timolol 5mg fralda geriátrica budesonida 32mcg budesonida 50mcg dipropionato de beclometasona 50mcg/dose dapagliflozina 10mg

5. Cheque se o laboratório farmacêutico tem desconto para cadastrados.

A União Química, por exemplo, tem o programa “União com você”, que concede abatimentos de 25% a 50% em produtos de uso contínuo para doenças do sistema nervoso central, saúde feminina e dermatológicos. Para obter a vantagem, é preciso se cadastrar diretamente no site www.uniaocomvoce.com.br e ter receita médica. O desconto é aplicado nas quase 18 mil farmácias credenciadas ao programa. O laboratório Sandoz tem o “Cuidar +”, com preços reduzidos em 20% a 60% para os remédios Zinnat, um antibiótico, e Stalevo, para tratamento do Parkinson. O paciente ou o cuidador pode fazer o cadastro na central de atendimento (0800-666-5858) ou diretamente numa farmácia credenciada. O Aché tem a plataforma “Cuidados pela vida”, com descontos de até 70% em medicamentos. Veja em https://cuidadospelavida.com.br/. A EMS também cadastra pelo site https://www.emssaude.com.br/ os interessados em obter descontos em medicamentos.

6. Pergunte por programas de fidelidade nas farmácias.

Além dos cadastros de laboratórios, as farmácias muitas vezes praticam preços melhores para beneficiários de alguns planos de saúde ou para quem cadastrar o CPF na loja, como é o caso da DrogaRaia. A Venâncio tem o VClube, com produtos em ofertas exclusivas e personalizadas diariamente para atender o comportamento do consumidor. Para participar, é possível se inscrever, gratuitamente, nas lojas físicas ou pelo site https://fidelidade.vclube.com.br. Paque Menos e Extrafarma têm o “Programa de Fidelidade Sempre Bem”, que concede benefícios exclusivos como descontos e promoções personalizadas para clientes com base no histórico de compras. Por exemplo, quando o cliente atinge o status de Cliente Ouro, tendo gasto igual ou acima de R$ 1.200 no semestre, ele passa a ter direito a descontos em medicamentos de uso contínuo, entrega grátis no televendas, e atendimentos no Clinic Farma, com medição semanal de pressão sanguínea e glicemia, uma aplicação mensal de injetável e uma bioimpedância. Já o programa “Cliente Sênior” reúne descontos a partir de 20% em medicamentos para clientes acima de 55 anos, em algumas lojas.

7. Utilize clubes de vantagens.

A Stix, por exemplo, é um ecossistema de programas de fidelidade que reúne varejistas. Droga Raia e Drogasil são as redes de farmácia presentes: os clientes ganham 5 stix a cada R$ 20 em compra. Os pontos podem gerar descontos nas lojas físicas. Por conta de uma parceria com a Livelo, também é possível trocar pontos Livelo no PagStix. O Meu INSS+ é um clube que reúne descontos, inclusive em farmácias, para aposentados, pensionistas e beneficiários do INSS. Para se inscrever, é preciso acessar o aplicativo Meu INSS, clicando em “Carteira do beneficiário”.

8. Compre pela internet. Segundo pesquisa da CliqueFarma, medicamentos comprados on-line são 16% mais baratos do que na loja física, mesmo usando programas de descontos nas farmácias.

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