Beneficiários do INSS começam a receber o 13º salário a partir da próxima quarta-feira

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pagará, a partir da próxima quarta-feira (dia 24), antecipação da primeira parcela do abono anual, conhecido como 13º salário. Cerca de 33,6 milhões de beneficiários serão contemplados com o adiantamento. A medida vai injetar aproximadamente R$ R$ 33,68 bilhões na economia, conforme indicado pelos dados da folha de pagamentos de março.

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Os valores serão depositados junto com os benefícios referentes ao mês de abril, cujo pagamento ocorre entre os dias 24 de abril e 8 de maio, de acordo com o calendário de pagamentos estabelecido pelo instituto. A quantia antecipada corresponde a 50% do valor total do abono anual, e sobre essa primeira parcela não incide desconto de Imposto de Renda. O imposto, quando cabível, será cobrado apenas na segunda parcela, programada para ser paga entre o final de maio e o início de junho.

Os beneficiários serão pagos em etapas, levando em conta o último dígito do benefício e o valor recebido. Aqueles com dígito final 1 e que ganham até um salário mínimo vigente (R$1.412) serão os primeiros a receber. Os beneficiários com dígito final de 1 a 5 receberão o pagamento nos últimos cinco dias úteis de abril. Já os segurados com dígito final de 6 ao 9 e aqueles com final 0 terão os pagamentos creditados nos primeiros cinco dias úteis de maio.

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O 13º salário é destinado a aposentados, pensionistas e pessoas que receberam, ao longo de 2024, benefícios temporários, como auxílio por incapacidade temporária e auxílio-reclusão. No entanto, o valor é proporcional ao tempo de recebimento do benefício. Os beneficiários do salário-maternidade também têm direito ao 13º proporcional, porém, ele é pago junto com a última parcela do benefício.

Quem recebe o Benefício de Prestação Continuada (BPC) ao idoso e à pessoa com deficiência não tem direito ao valor adicional.

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Para verificar o valor do 13º salário, os beneficiários podem acessar o site ou o aplicativo Meu INSS. No extrato de pagamento, o valor será identificado pelo código 104. É possível gerar um PDF do extrato para referência futura.

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IR 2024: saiba como declarar um empréstimo no Imposto de Renda

O prazo para declarar o Imposto de Renda 2024 termina no próxima mês. E aqueles que tomaram ou concederam, no último ano, um empréstimo precisam ficar atentos para não cair na malha fina. Isso porque, se o valor for acima de R$ 5 mil é preciso prestar contas ao Fisco.

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A regra vale para todo tipo de empréstimo, desde um financiamento feito por meio de bancos até aquele dinheiro emprestado a um amigo ou vizinho. Dessa forma, a Receita Federal consegue saber o caminho do dinheiro. Caso contrário, o órgão pode suspeitar e separar a declaração para uma análise ainda mais minuciosa.

Responsável pela área de finanças para o curso de bacharel em Administração da Escola de Negócios da PUC-Rio, Roberto Uchoa explica que o empréstimo deve ser informado na ficha “Dívidas e ônus reais” na declaração do IR 2024. Já quando o contribuinte empresta algum dinheiro, ele deve adicionar essa informação na parte de “Bens e direitos”.

Nas duas situações é necessário informar nome e CPF ou CNPJ dos envolvidos na transação, até mesmo se for entre membros da mesma família. Veja o passo a passo:

Para quem tomou empréstimo

Acesse a declaração e clique em “Bens e dívidas”, que fica na barra lateral ou no ícone principal. Em seguida, escolha “Dívidas e Ônus”. Na tela seguinte, clique em “Código” e escolha o tipo de crédito do seu empréstimo: banco, pessoa física, jurídica, entre outros. Na sequência, descreva o empréstimo (discriminação). Informando cada detalhe da operação financeira, desde data, dados de CPF ou CNPJ do credor. Por fim, adicione o valor da dívida no ano de 2022 (se não tiver, é só deixar em branco) e valor no ano-calendário (2023).

Para quem concedeu empréstimo

Vá em “Bens e direitos” Clique no grupo de bens “5 – créditos” e, em seguida, no código “1 – empréstimos concedidos”. Informe o país da transação, se o valor é dele ou de algum dependente, adicione nome e CPF ou CNPJ do devedor Em seguida, lance o valor que estava emprestado em 31 de dezembro de 2022 e de 2023. Por fim, adicione sobre o empréstimo em “discriminação”.

Financiamento de carro e apartamento

Para financiamentos de bens e produtos a regra é outra, pois são empréstimos atrelados a móveis e imóveis e de caráter mais longo. Nestes casos, é importante atentar para informar o código relacionado ao bem, como casas, apartamentos e terrenos ou carros, motos e demais veículos.

* Estagiário sob supervisão de Danielle Nogueira

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Dólar tem forte alta, chega a R$ 5,27 e renova máxima anual

O mercado viveu mais um dia de tensão, com a crise provocada pelos ataques a Israel. Diante disso, o real não ficou imune às pressões no cenário internacional e se desvalorizou ainda mais nesta terça-feira (16/4). Após ter alcançado o maior valor em mais de um ano na segunda (15), o câmbio do dólar comercial avançou ainda mais e encerrou o pregão em alta de 1,64%, atingindo R$ 5,27.

Já é a quarta alta consecutiva do dólar frente à moeda brasileira. A principal causa para este novo aumento é o cenário de incerteza em relação à política monetária dos Estados Unidos. Com o aumento das tensões no Oriente Médio, a perspectiva é que o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos EUA, demore um pouco mais para diminuir os juros, o que faz com que muitos investidores optem por retirar dinheiro de países emergentes, como o Brasil, para economias mais fortes, como EUA e União Europeia.

“Já não se esperava uma redução (dos juros nos EUA) tão acentuada depois dos últimos índices de emprego e de renda. Então, isso também vai fazer com que o Fed segure mais a taxa de juros. Segurando mais a taxa de juros lá, isso vai fazer com que, no caso do Brasil, o real se deprecie, como está acontecendo hoje, e uma retirada de dólares para uma alocação, principalmente, em títulos norte-americanos”, avalia o economista e sócio da GWX Investimentos, Ciro de Avelar.

Mesmo assim, para o economista da APAS, Felipe Queiroz, os efeitos podem ser passageiros e de curto prazo. Segundo ele, esse movimento de desvalorização intensa do real nos últimos dois dias é resultado, principalmente, do capital especulativo. “Mas o Brasil está crescendo, então isso atrai, por outro lado, outro tipo de investimento não especulativo, mas de médio e longo prazo, que produz geração de emprego, e crescimento da economia, que é um crescimento endógeno”, avalia Queiroz.

No pregão desta terça-feira, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa – B3) também foi impactado pela crise externa e fechou em queda de 0,75%, aos 124.388 pontos. Durante o dia, a bolsa atingiu o seu menor valor desde o início deste ano, chegando a operar pouco acima dos 123 mil pontos.

Entre as ações listadas na B3, as piores quedas ficaram por conta dos papeis da varejista Assaí (ASAI3), que recuaram 5,39%, e da empresa de calçados Alpargatas (ALPA3), que caíram 5,05%. As ações da Vale (VALE3) caíram 0,98%, enquanto as da Petrobras (PETR4) se valorizaram pelo segundo dia consecutivo, com alta de 0,46%.

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Dólar atinge maior valor em um ano e bate R$ 5,18

O mercado começou a sentir os impactos do conflito entre Israel e Irã, que se intensificou neste final de semana. Nesta segunda-feira (15/4), o Ibovespa fechou o dia em queda de 0,5%, acima dos 125 mil pontos. Já é o quarto pregão seguido com desvalorização da principal bolsa de valores da América Latina, que perdeu 2,16% de valor desde o início de abril.

Nesse movimento, o real também apresentou forte desvalorização em relação ao dólar nesta segunda. Diante disso, o câmbio da moeda norte-americana subiu 1,21% e alcançou o valor de R$ 5,18 – maior valor de fechamento desde março de 2023. O aumento foi bastante superior ao avanço do Índice DXY (0,15%), que compara a variação das principais moedas do mundo com o dólar.

Mesmo com um dia positivo para os índices da Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), que subiram 0,58% e 0,95%, respectivamente, a bolsa brasileira não conseguiu segurar os ganhos que apresentou ao longo do dia. No caso da Petrobras, os papeis da empresa conseguiram uma boa performance, mesmo com a queda do barril de petróleo internacional, motivada por uma paz aparente após o fim dos bombardeios por parte do Irã.

As maiores quedas do dia vieram de empresas do varejo e de bancos. As ações do Magazine Luiza (MGLU3) tiveram a segunda pior queda entre os papeis listados na B3, com um recuo de 7,83%. A maior queda, no entanto, foi registrada pela CVC (CVCB3), que se desvalorizou em 9,38% nesta segunda-feira. Além disso, Itaú (ITUB4) (1,69%) e Bradesco (BBDC4) (1,48%) puxaram as quedas entre os bancos.

Com o petróleo em queda, apesar do receio de uma alta mais forte ao longo do dia, o economista Paulo Rabello de Castro, ex-presidente do BNDES, avalia que ainda é muito cedo para afirmar se pode haver, ou não, riscos maiores a longo prazo. Segundo ele, a tendência é de que haja momentos de altos e baixos enquanto o conflito no Oriente Médio se estender.

“Por enquanto, há muito pouco desdobramento econômico ou comercial. O Irã não quer se isolar. O conflito continuará de modo sanfona, com ampliações e súbitos recuos. Se o preço do petróleo subir mais, o juro americano recuará menos e, com isso, nossa (Taxa) Selic vai cair ainda mais devagar”, avalia o economista.

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As várias vidas do monge brasileiro que desafiou duas ditaduras

“Descer uma escada encapuzado não é uma boa sensação”, lembra o monge budista brasileiro Ademar Kyotoshi Sato.

Naquele dia, ele tinha 31 anos de idade e ainda não era monge.

Fugindo da ditadura no Brasil, havia abandonado o posto de professor de Economia da USP e se mudado para o Chile, onde passou a assessorar o governo do socialista Salvador Allende em 1971.

Até que ele virou alvo da repressão após queda do presidente chileno em um golpe militar, em 1973.

Na primeira noite depois do golpe, Sato foi sequestrado à noite em sua casa, na capital chilena Santiago, por um grupo civil de extrema direita.

Organizações como aquela vinham promovendo atentados para desestabilizar o governo Allende, além de perseguir militantes de esquerda.

“Estavam me levando para os Andes”, conta Sato em voz pausada e com um sorriso que mantém até nos momentos mais dramáticos da entrevista, concedida à BBC em seu apartamento, num bairro arborizado de Brasília.

A cordilheira que margeia Santiago era um dos locais de desova de corpos de intelectuais, estudantes e operários que o novo regime via como inimigos. Mas, na saída da cidade, o carro foi parado em uma blitz.

Como o Chile estava sob estado de sítio e o grupo não tinha permissão para deixar a cidade, Sato foi entregue aos policiais. “Aí me jogaram numa delegacia”, conta.

O brasileiro passou a noite junto de vários outros militantes políticos recém-capturados. “As pessoas eram chamadas, ouvia-se um tiro fora, e a pessoa não voltava”, ele diz.

Foi então que, encapuzado, Sato foi forçado a descer uma escada.

“Me tiram o capuz, e eu vejo um pelotão de fuzilamento na minha frente”, conta.

Eram cerca de dez homens com metralhadoras, ele diz.

Um militar se apresentou para interrogá-lo, e Sato perguntou por que havia sido detido.

“Porque você é o assessor chinês do Allende”, respondeu o oficial. Acharam que Sato fosse um agente do governo comunista da China.

Por sorte, o brasileiro portava o passaporte diplomático com que entrara no Chile anos antes, como estagiário da Cepal, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, um dos órgãos regionais da ONU.

“Daqui a pouco, o oficial volta e começa a me chamar de doutor”, ele diz. Ao conferir o passaporte, o militar reconheceu o erro e pediu desculpas ao brasileiro.

Ele não sabia que, embora Sato não fosse um comunista chinês, tinha sido um dos colaboradores estrangeiros mais próximos do governo Allende, encarregado de coordenar operários em fábricas abandonadas por patrões.

Quando Sato foi liberado pelo oficial, fazia 72 horas que os militares haviam derrubado Allende – que, cercado no palácio presidencial La Moneda, matou-se com um tiro no rosto.

Desde então, o economista já havia ficado perto da morte duas vezes. Ele conta que ficaria mais duas nos dias seguintes, até finalmente conseguir fugir do Chile rumo ao Brasil.

“Em cinco dias, passei por quatro situações de morte certa”, diz.

A temporada no Chile – da proximidade com Allende à mira de um pelotão de fuzilamento – representou um dos períodos mais marcantes na trajetória do brasileiro.

Em 82 anos de vida, Sato testemunhou dois golpes militares, assessorou o movimento sindical que projetou Luiz Inácio Lula da Silva e participou do primeiro governo civil no Brasil após a redemocratização.

Também foi dirigente estudantil, acadêmico e membro da Juventude Universitária Católica.

Aos 56 anos, aposentado do serviço público e abalado por duas tragédias familiares, mergulhou no budismo e virou monge.

Hoje investiga se há valores que atravessem culturas e religiões – pesquisa que já o fez visitar aldeias indígenas no Acre, a experimentar ayahuasca e a visitar o ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica.

Filho da Segunda Guerra

Sato nasceu em São Paulo em janeiro de 1942, meses após seus pais chegarem de navio do Japão.

Sua mãe pertencia a uma família aristocrática decadente. Já o pai nascera no Brasil, mas, filho de japoneses, viajou ao Japão para servir no Exército Imperial Japonês.

O casal emigrou durante a Segunda Guerra Mundial, pouco antes do rompimento das relações diplomáticas entre o Brasil e os países do Eixo, incluindo o Japão.

“Eu me lembro muito bem que os meninos da vizinhança corriam de pedras e pau na mão gritando: ‘japinha, volte para casa, a sua casa é o Japão, o Japão perdeu a guerra'”, diz Sato.

Os pais falavam pouco de política em casa – ele diz que só se interessou pelo assunto ao entrar no curso de Economia da Universidade de São Paulo (USP), no início dos anos 1960.

Quando os militares tomaram o poder em 1964, Sato era um dos diretores da UNE, a União Nacional dos Estudantes.

Ele soube do golpe pelo rádio, quando estava na sede da UNE em São Paulo. “Fiquei sereno”, conta, “mas sabia que, dali para frente, talvez se iniciasse uma outra fase da história do Brasil”.

Sato se formou em 1964 e virou professor de Economia da USP no ano seguinte.

“Os alunos participavam muito de movimentações contra a ditadura. E, de repente, um aluno sumia”, ele diz.

Sato começou a visitar alunos presos no Dops (Departamento de Ordem Política e Social), um dos principais órgãos de repressão da ditadura.

“Passei a ser seguido, [queriam saber] quem era aquele professor jovem que visitava os alunos presos”, lembra.

Alguns de seus colegas professores também haviam sido detidos – caso do sociólogo Florestan Fernandes, com quem Sato tivera aulas.

Sentindo-se ameaçado, o economista se inscreveu na seleção para uma vaga de estagiário na Cepal, comissão da ONU sediada no Chile.

A organização vinha acolhendo vários intelectuais que fugiam da ditadura no Brasil. Um deles era o economista José Serra, que décadas depois se elegeria governador de São Paulo. Outro era o sociólogo – e futuro presidente – Fernando Henrique Cardoso.

Sato passou na vaga e se mudou para Santiago em janeiro de 1970. Oito meses depois, o médico Salvador Allende, do Partido Socialista, ganhou as eleições presidenciais do Chile.

“Ele era um burguês, gostava de tomar uísque, de tomar chá, mas tinha uma mentalidade socialista”, diz Sato.

Os dois só se aproximaram no segundo ano do governo, depois de uma visita do líder socialista cubano Fidel Castro ao Chile.

Até então, Sato estava alinhado às diretrizes da Cepal – organização que, embora abrigasse esquerdistas, estava longe de ser revolucionária. Afinal, era um braço da ONU, criada sob influência dos EUA no pós-Segunda Guerra para promover a integração global.

Mas algo mudou quando Sato viu o cubano falar. Na sede da Cepal, diante de um auditório lotado, Fidel elogiou a comissão por realizar “um importante papel no campo das ideias e na divulgação de realidades”.

Mas o cubano também criticou a organização em um de seus pilares: “Com quem vamos nos integrar? Com um monopólio norte-americano? Com interesses particulares? Como é possível essa integração?”, questionou.

Sato achou que Fidel tinha um ponto e resolveu se engajar na construção do socialismo, acercando-se de Allende.

O presidente chileno enfrentava graves problemas. No campo, enquanto milhares de fazendas eram expropriadas para a reforma agrária, camponeses e fazendeiros se enfrentavam.

Nas cidades, empresários assustados com um programa de estatizações abandonavam suas fábricas. Houve desabastecimento, e a inflação explodiu.

“Ficou uma quantidade enorme de trabalhadores sem patrão”, lembra Sato.

O brasileiro propôs a Allende implantar nas indústrias o planejamento participativo, um método inspirado na obra do educador Paulo Freire (1921-1997) na qual os próprios operários participam da gestão.

Ele diz que Allende concordou e lhe cedeu um jato para que visitasse as fábricas espalhadas pelo país. O presidente tinha pressa: as turbulências se agravavam, e grupos pró e contra o governo se combatiam nas ruas.

“Começou a dar certo, mas aí veio o golpe”, diz Sato.

Em 11 de setembro de 1973, militares cercaram o palácio presidencial La Moneda e forçaram Allende a renunciar.

Quando Sato soube da movimentação das tropas, quis se juntar a Allende e vários de seus ministros no palácio. Mas não conseguiu, pois o edifício estava cercado por militares.

Como Allende se recusava a deixar o palácio, um caça da Força Aérea Chilena passou a bombardear o edifício.

“Tivesse chegado cinco minutos antes, talvez os portões não estivessem bloqueados, e eu entrasse para não sair mais”, diz.

Quando as tropas lideradas pelo general Augusto Pinochet tomaram o prédio, Allende foi encontrado morto. Segundo uma investigação concluída em 2011, o presidente se matou antes que os militares entrassem.

Ali começava o suplício de Sato: primeiro sequestrado por um grupo extremista, depois levado à prisão em que se deparou com um pelotão de fuzilamento.

Após ser salvo graças ao passaporte da ONU, Sato ainda foi visitado por policiais militares em casa, na noite seguinte. Ali ele guardava, atrás de uma estante, documentos que detalhavam sua cooperação com o governo Allende.

“O policial sobe na escadinha, espia lá dentro e diz: ‘não tem nada aqui, não'”, conta Sato. O brasileiro diz acreditar que o agente era simpático a Allende e se mantinha na corporação “para tentar livrar a cara dos companheiros”.

Sato ainda passaria por um último apuro. No dia seguinte, quando foi buscar um visto de saída para voltar ao Brasil, ouviu de um funcionário público que seu nome estava numa lista de pessoas impedidas de deixar o Chile.

O funcionário, diz Sato, ameaçou lhe enviar ao Estádio Nacional – arena que abrigou milhares de presos políticos depois do golpe no Chile, e onde vários deles foram torturados e executados.

Então Sato diz ter reconhecido um policial que passava pelo corredor – era o mesmo que, na noite anterior, examinara a estante em sua casa.

Chamado por Sato, o policial confirmou que a polícia visitara o brasileiro e não achara nada comprometedor. O visto foi emitido, e Sato voltou ao Brasil.

Sob Pinochet, o Chile viveria uma ditadura militar até 1990. Em 2011, uma comissão do governo chileno calculou em 40 mil as vítimas do regime.

Dessas, cerca de 3 mil desapareceram ou foram mortas por agentes do Estado.

O retorno ao Brasil

Quando voltou ao Brasil, Sato resolveu morar na Bahia por achar que, ali, seria menos visado. O ano era 1974, e o Brasil também ainda estava sob uma ditadura.

Ele recebeu um convite para trabalhar na gestão de Mário Kertész na prefeitura de Salvador, e ali ficou.

Sato viveu, então, duas tragédias na família num curto intervalo.

Primeiro, a morte de seu único irmão, na época com 30 anos, num acidente de carro. No ano seguinte, um dos filhos de Sato, que iria completar 8 anos, morreu após sofrer um aneurisma cerebral.

“Entrei numa depressão profunda”, ele recorda.

As perdas o estimularam a voltar a São Paulo para ficar perto do resto da família. Mas também havia outro motivo para a mudança.

Sato estava entusiasmado com o sindicalismo que ganhava força no ABC Paulista e via o movimento como capaz de acelerar a queda da ditadura.

Ele conseguiu um emprego no Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas de Estudos Econômicos), órgão que assessora os sindicatos, e conheceu o torneiro mecânico Luiz Inácio da Silva, o Lula.

Sato acompanhou o célebre discurso de Lula no estádio da Vila Euclides, em São Bernardo do Campo, em 1979. Cerca de 200 mil operários de indústrias da região haviam decidido entrar em greve em busca de um aumento salarial.

As atenções se voltavam para o metalúrgico de 33 anos que coordenava o movimento grevista. Sato diz que, naquele dia, Lula o procurou.

“Ele disse: ‘Senta aqui, Sato, vamos conversar, estou nervoso. Estou acostumado com a vida sindical, mas me disseram que hoje vem a imprensa do mundo todo'”, ele conta.

Começava ali uma longa amizade. Em 2018, Sato visitou Lula quando o petista estava preso em Curitiba. Os dois se reviram pela última vez no ano passado, na cerimônia de posse presidencial.

Redemocratização

Em março de 1985, a posse de José Sarney na presidência marcou o fim da ditadura.

Sato se mudou para Brasília para trabalhar como assessor de um ex-aluno – o economista João Sayad, nomeado ministro do Planejamento do governo Sarney.

Depois o economista foi transferido para um órgão subordinado ao ministério, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), onde trabalhou até se aposentar, em 2006.

Mas, mesmo antes de deixar o serviço público, a vida de Sato já tomava outros rumos – em parte, por conta da perda do irmão e do filho anos antes.

Em 1994, ele entrou pela primeira vez no Templo Shin-Budista Terra Pura de Brasília, uma imponente construção em estilo tradicional japonês na Asa Sul.

Um monge japonês falava aos presentes em japonês.

“Ele dizia: ‘Compaixão do Buda é como amor de mãe, porque a mãe está sempre nos salvando. Você ia puxar a panela, ia se queimar de forma grave, quando sua mãe vem não sei da onde e te salva’. Poxa, isso me chamou a atenção.”

Sato sentiu que talvez o budismo pudesse ajudá-lo a lidar melhor com as perdas familiares.

Ele passou a estudar a religião e a se oferecer como intérprete do monge, que não falava português.

Sato conta que, até então, nada sabia sobre o budismo – apesar dos laços familiares com o Japão, onde a religião é bastante popular.

Antes, era cristão e chegou a integrar a Juventude Universitária Católica, um movimento católico de esquerda.

Os estudos de Sato sobre o budismo incluíram uma temporada no Japão. Em 1998, foi diplomado como monge e, em 2007, assumiu a regência do templo em Brasília, posto que ocupou até 2022.

Mas Sato nunca deixou de falar sobre política e nunca viu a atividade como alheia ao universo religioso. Nas cerimônias que conduzia no templo, defendia a democracia e narrava com frequência os apuros que viveu no Chile.

“A democracia pode ser um sistema imperfeito, mas, enquanto não aparecer um sistema humano que seja mais perfeito, é a democracia que vale. Ditadura, nunca mais”, afirma.

Hoje Sato segue difundindo o budismo em palestras e nas redes sociais, mas não quer falar apenas a budistas – e nem só sobre religião.

“O mundo todo está em dificuldade e chegando a um abismo. Está chegando a época de transpormos as crenças religiosas e transpormos as barreiras culturais”, defende.

Nos últimos anos, Sato passou a investigar se há valores comuns às diversas culturas e religiões existentes no Brasil.

Uma de suas leituras mais recentes foi A queda do céu, livro escrito pelo xamã yanomami Davi Kopenawa e pelo antropólogo francês Bruce Albert.

Em 2020, Sato visitou aldeias do povo indígena Ashaninka, no Acre, e provou ayahuasca em uma cerimônia tradicional.

Por ter tomado uma dose pequena, diz que não sentiu muitos efeitos. “A ayahuasca tem a propriedade de não lhe fazer perder a essência da consciência, mas sim expandi-la. É isso o que todas as religiões buscam”, afirma.

Outro ponto que o impressionou na viagem foi a convivência entre indígenas e animais. “Tinha um casal de pacas e, toda vez que eu assistia ao cerimonial da ayahuasca, esse casal aparecia e ficava junto de mim”, lembra.

A relação com os bichos na aldeia o remeteu a um preceito budista – a noção de que humanos podem reencarnar como outras espécies, e vice-versa.

Sato estende a possibilidade aos dois cães com que divide a casa, a lhasa Mei Mei e o shih-tzu Kyoshi. “Os bichinhos que estão aqui, que me amam, podem ser renascimento de outros seres do passado. Como podem renascer no futuro como outros seres.”

Em outra viagem, em 2019, esteve nos arredores de Montevidéu para visitar o ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica.

Para Sato, ainda que o ex-presidente uruguaio não tenha religião, “vive como se fosse um verdadeiro budista” e segue três princípios do budismo popular japonês: agradecimento à vida (arigatai), simplicidade (mottainai) e humildade (sumimasen).

Após deixar a regência do templo, Sato passou a ter mais tempo para os dois filhos e quatro netos. Recentemente, separou-se da segunda esposa – que, também monja, migrou para uma corrente budista que lhe exige o celibato.

Hoje ele mora sozinho com os dois cães.

Aos 82 anos de idade, Sato diz acreditar que pode “morrer a qualquer momento”.

Tem medo da morte? “Não. As folhas das árvores envelhecem, caem e morrem, mas não morrem: elas servem de alimento para o novo ciclo de vida”, diz.

“Por ter passado por várias situações de morte, eu até penso na auto-morte: por que que eu estou vivendo? Por que não aproveito a onda e desapareço?”, questiona.

“O que me segura é que eu não tenho certeza se eu passei na plenitude essa minha vida aqui na Terra. Então, estou deixando que a vida continue.”

As várias vidas do monge brasileiro que desafiou duas ditaduras

“Descer uma escada encapuzado não é uma boa sensação”, lembra o monge budista brasileiro Ademar Kyotoshi Sato.

Naquele dia, ele tinha 31 anos de idade e ainda não era monge.

Fugindo da ditadura no Brasil, havia abandonado o posto de professor de Economia da USP e se mudado para o Chile, onde passou a assessorar o governo do socialista Salvador Allende em 1971.

Até que ele virou alvo da repressão após queda do presidente chileno em um golpe militar, em 1973.

Na primeira noite depois do golpe, Sato foi sequestrado à noite em sua casa, na capital chilena Santiago, por um grupo civil de extrema direita.

Organizações como aquela vinham promovendo atentados para desestabilizar o governo Allende, além de perseguir militantes de esquerda.

“Estavam me levando para os Andes”, conta Sato em voz pausada e com um sorriso que mantém até nos momentos mais dramáticos da entrevista, concedida à BBC em seu apartamento, num bairro arborizado de Brasília.

A cordilheira que margeia Santiago era um dos locais de desova de corpos de intelectuais, estudantes e operários que o novo regime via como inimigos. Mas, na saída da cidade, o carro foi parado em uma blitz.

Como o Chile estava sob estado de sítio e o grupo não tinha permissão para deixar a cidade, Sato foi entregue aos policiais. “Aí me jogaram numa delegacia”, conta.

O brasileiro passou a noite junto de vários outros militantes políticos recém-capturados. “As pessoas eram chamadas, ouvia-se um tiro fora, e a pessoa não voltava”, ele diz.

Foi então que, encapuzado, Sato foi forçado a descer uma escada.

“Me tiram o capuz, e eu vejo um pelotão de fuzilamento na minha frente”, conta.

Eram cerca de dez homens com metralhadoras, ele diz.

Um militar se apresentou para interrogá-lo, e Sato perguntou por que havia sido detido.

“Porque você é o assessor chinês do Allende”, respondeu o oficial. Acharam que Sato fosse um agente do governo comunista da China.

Por sorte, o brasileiro portava o passaporte diplomático com que entrara no Chile anos antes, como estagiário da Cepal, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, um dos órgãos regionais da ONU.

“Daqui a pouco, o oficial volta e começa a me chamar de doutor”, ele diz. Ao conferir o passaporte, o militar reconheceu o erro e pediu desculpas ao brasileiro.

Ele não sabia que, embora Sato não fosse um comunista chinês, tinha sido um dos colaboradores estrangeiros mais próximos do governo Allende, encarregado de coordenar operários em fábricas abandonadas por patrões.

Quando Sato foi liberado pelo oficial, fazia 72 horas que os militares haviam derrubado Allende – que, cercado no palácio presidencial La Moneda, matou-se com um tiro no rosto.

Desde então, o economista já havia ficado perto da morte duas vezes. Ele conta que ficaria mais duas nos dias seguintes, até finalmente conseguir fugir do Chile rumo ao Brasil.

“Em cinco dias, passei por quatro situações de morte certa”, diz.

A temporada no Chile – da proximidade com Allende à mira de um pelotão de fuzilamento – representou um dos períodos mais marcantes na trajetória do brasileiro.

Em 82 anos de vida, Sato testemunhou dois golpes militares, assessorou o movimento sindical que projetou Luiz Inácio Lula da Silva e participou do primeiro governo civil no Brasil após a redemocratização.

Também foi dirigente estudantil, acadêmico e membro da Juventude Universitária Católica.

Aos 56 anos, aposentado do serviço público e abalado por duas tragédias familiares, mergulhou no budismo e virou monge.

Hoje investiga se há valores que atravessem culturas e religiões – pesquisa que já o fez visitar aldeias indígenas no Acre, a experimentar ayahuasca e a visitar o ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica.

Filho da Segunda Guerra

Sato nasceu em São Paulo em janeiro de 1942, meses após seus pais chegarem de navio do Japão.

Sua mãe pertencia a uma família aristocrática decadente. Já o pai nascera no Brasil, mas, filho de japoneses, viajou ao Japão para servir no Exército Imperial Japonês.

O casal emigrou durante a Segunda Guerra Mundial, pouco antes do rompimento das relações diplomáticas entre o Brasil e os países do Eixo, incluindo o Japão.

“Eu me lembro muito bem que os meninos da vizinhança corriam de pedras e pau na mão gritando: ‘japinha, volte para casa, a sua casa é o Japão, o Japão perdeu a guerra'”, diz Sato.

Os pais falavam pouco de política em casa – ele diz que só se interessou pelo assunto ao entrar no curso de Economia da Universidade de São Paulo (USP), no início dos anos 1960.

Quando os militares tomaram o poder em 1964, Sato era um dos diretores da UNE, a União Nacional dos Estudantes.

Ele soube do golpe pelo rádio, quando estava na sede da UNE em São Paulo. “Fiquei sereno”, conta, “mas sabia que, dali para frente, talvez se iniciasse uma outra fase da história do Brasil”.

Sato se formou em 1964 e virou professor de Economia da USP no ano seguinte.

“Os alunos participavam muito de movimentações contra a ditadura. E, de repente, um aluno sumia”, ele diz.

Sato começou a visitar alunos presos no Dops (Departamento de Ordem Política e Social), um dos principais órgãos de repressão da ditadura.

“Passei a ser seguido, [queriam saber] quem era aquele professor jovem que visitava os alunos presos”, lembra.

Alguns de seus colegas professores também haviam sido detidos – caso do sociólogo Florestan Fernandes, com quem Sato tivera aulas.

Sentindo-se ameaçado, o economista se inscreveu na seleção para uma vaga de estagiário na Cepal, comissão da ONU sediada no Chile.

A organização vinha acolhendo vários intelectuais que fugiam da ditadura no Brasil. Um deles era o economista José Serra, que décadas depois se elegeria governador de São Paulo. Outro era o sociólogo – e futuro presidente – Fernando Henrique Cardoso.

Sato passou na vaga e se mudou para Santiago em janeiro de 1970. Oito meses depois, o médico Salvador Allende, do Partido Socialista, ganhou as eleições presidenciais do Chile.

“Ele era um burguês, gostava de tomar uísque, de tomar chá, mas tinha uma mentalidade socialista”, diz Sato.

Os dois só se aproximaram no segundo ano do governo, depois de uma visita do líder socialista cubano Fidel Castro ao Chile.

Até então, Sato estava alinhado às diretrizes da Cepal – organização que, embora abrigasse esquerdistas, estava longe de ser revolucionária. Afinal, era um braço da ONU, criada sob influência dos EUA no pós-Segunda Guerra para promover a integração global.

Mas algo mudou quando Sato viu o cubano falar. Na sede da Cepal, diante de um auditório lotado, Fidel elogiou a comissão por realizar “um importante papel no campo das ideias e na divulgação de realidades”.

Mas o cubano também criticou a organização em um de seus pilares: “Com quem vamos nos integrar? Com um monopólio norte-americano? Com interesses particulares? Como é possível essa integração?”, questionou.

Sato achou que Fidel tinha um ponto e resolveu se engajar na construção do socialismo, acercando-se de Allende.

O presidente chileno enfrentava graves problemas. No campo, enquanto milhares de fazendas eram expropriadas para a reforma agrária, camponeses e fazendeiros se enfrentavam.

Nas cidades, empresários assustados com um programa de estatizações abandonavam suas fábricas. Houve desabastecimento, e a inflação explodiu.

“Ficou uma quantidade enorme de trabalhadores sem patrão”, lembra Sato.

O brasileiro propôs a Allende implantar nas indústrias o planejamento participativo, um método inspirado na obra do educador Paulo Freire (1921-1997) na qual os próprios operários participam da gestão.

Ele diz que Allende concordou e lhe cedeu um jato para que visitasse as fábricas espalhadas pelo país. O presidente tinha pressa: as turbulências se agravavam, e grupos pró e contra o governo se combatiam nas ruas.

“Começou a dar certo, mas aí veio o golpe”, diz Sato.

Em 11 de setembro de 1973, militares cercaram o palácio presidencial La Moneda e forçaram Allende a renunciar.

Quando Sato soube da movimentação das tropas, quis se juntar a Allende e vários de seus ministros no palácio. Mas não conseguiu, pois o edifício estava cercado por militares.

Como Allende se recusava a deixar o palácio, um caça da Força Aérea Chilena passou a bombardear o edifício.

“Tivesse chegado cinco minutos antes, talvez os portões não estivessem bloqueados, e eu entrasse para não sair mais”, diz.

Quando as tropas lideradas pelo general Augusto Pinochet tomaram o prédio, Allende foi encontrado morto. Segundo uma investigação concluída em 2011, o presidente se matou antes que os militares entrassem.

Ali começava o suplício de Sato: primeiro sequestrado por um grupo extremista, depois levado à prisão em que se deparou com um pelotão de fuzilamento.

Após ser salvo graças ao passaporte da ONU, Sato ainda foi visitado por policiais militares em casa, na noite seguinte. Ali ele guardava, atrás de uma estante, documentos que detalhavam sua cooperação com o governo Allende.

“O policial sobe na escadinha, espia lá dentro e diz: ‘não tem nada aqui, não'”, conta Sato. O brasileiro diz acreditar que o agente era simpático a Allende e se mantinha na corporação “para tentar livrar a cara dos companheiros”.

Sato ainda passaria por um último apuro. No dia seguinte, quando foi buscar um visto de saída para voltar ao Brasil, ouviu de um funcionário público que seu nome estava numa lista de pessoas impedidas de deixar o Chile.

O funcionário, diz Sato, ameaçou lhe enviar ao Estádio Nacional – arena que abrigou milhares de presos políticos depois do golpe no Chile, e onde vários deles foram torturados e executados.

Então Sato diz ter reconhecido um policial que passava pelo corredor – era o mesmo que, na noite anterior, examinara a estante em sua casa.

Chamado por Sato, o policial confirmou que a polícia visitara o brasileiro e não achara nada comprometedor. O visto foi emitido, e Sato voltou ao Brasil.

Sob Pinochet, o Chile viveria uma ditadura militar até 1990. Em 2011, uma comissão do governo chileno calculou em 40 mil as vítimas do regime.

Dessas, cerca de 3 mil desapareceram ou foram mortas por agentes do Estado.

O retorno ao Brasil

Quando voltou ao Brasil, Sato resolveu morar na Bahia por achar que, ali, seria menos visado. O ano era 1974, e o Brasil também ainda estava sob uma ditadura.

Ele recebeu um convite para trabalhar na gestão de Mário Kertész na prefeitura de Salvador, e ali ficou.

Sato viveu, então, duas tragédias na família num curto intervalo.

Primeiro, a morte de seu único irmão, na época com 30 anos, num acidente de carro. No ano seguinte, um dos filhos de Sato, que iria completar 8 anos, morreu após sofrer um aneurisma cerebral.

“Entrei numa depressão profunda”, ele recorda.

As perdas o estimularam a voltar a São Paulo para ficar perto do resto da família. Mas também havia outro motivo para a mudança.

Sato estava entusiasmado com o sindicalismo que ganhava força no ABC Paulista e via o movimento como capaz de acelerar a queda da ditadura.

Ele conseguiu um emprego no Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas de Estudos Econômicos), órgão que assessora os sindicatos, e conheceu o torneiro mecânico Luiz Inácio da Silva, o Lula.

Sato acompanhou o célebre discurso de Lula no estádio da Vila Euclides, em São Bernardo do Campo, em 1979. Cerca de 200 mil operários de indústrias da região haviam decidido entrar em greve em busca de um aumento salarial.

As atenções se voltavam para o metalúrgico de 33 anos que coordenava o movimento grevista. Sato diz que, naquele dia, Lula o procurou.

“Ele disse: ‘Senta aqui, Sato, vamos conversar, estou nervoso. Estou acostumado com a vida sindical, mas me disseram que hoje vem a imprensa do mundo todo'”, ele conta.

Começava ali uma longa amizade. Em 2018, Sato visitou Lula quando o petista estava preso em Curitiba. Os dois se reviram pela última vez no ano passado, na cerimônia de posse presidencial.

Redemocratização

Em março de 1985, a posse de José Sarney na presidência marcou o fim da ditadura.

Sato se mudou para Brasília para trabalhar como assessor de um ex-aluno – o economista João Sayad, nomeado ministro do Planejamento do governo Sarney.

Depois o economista foi transferido para um órgão subordinado ao ministério, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), onde trabalhou até se aposentar, em 2006.

Mas, mesmo antes de deixar o serviço público, a vida de Sato já tomava outros rumos – em parte, por conta da perda do irmão e do filho anos antes.

Em 1994, ele entrou pela primeira vez no Templo Shin-Budista Terra Pura de Brasília, uma imponente construção em estilo tradicional japonês na Asa Sul.

Um monge japonês falava aos presentes em japonês.

“Ele dizia: ‘Compaixão do Buda é como amor de mãe, porque a mãe está sempre nos salvando. Você ia puxar a panela, ia se queimar de forma grave, quando sua mãe vem não sei da onde e te salva’. Poxa, isso me chamou a atenção.”

Sato sentiu que talvez o budismo pudesse ajudá-lo a lidar melhor com as perdas familiares.

Ele passou a estudar a religião e a se oferecer como intérprete do monge, que não falava português.

Sato conta que, até então, nada sabia sobre o budismo – apesar dos laços familiares com o Japão, onde a religião é bastante popular.

Antes, era cristão e chegou a integrar a Juventude Universitária Católica, um movimento católico de esquerda.

Os estudos de Sato sobre o budismo incluíram uma temporada no Japão. Em 1998, foi diplomado como monge e, em 2007, assumiu a regência do templo em Brasília, posto que ocupou até 2022.

Mas Sato nunca deixou de falar sobre política e nunca viu a atividade como alheia ao universo religioso. Nas cerimônias que conduzia no templo, defendia a democracia e narrava com frequência os apuros que viveu no Chile.

“A democracia pode ser um sistema imperfeito, mas, enquanto não aparecer um sistema humano que seja mais perfeito, é a democracia que vale. Ditadura, nunca mais”, afirma.

Hoje Sato segue difundindo o budismo em palestras e nas redes sociais, mas não quer falar apenas a budistas – e nem só sobre religião.

“O mundo todo está em dificuldade e chegando a um abismo. Está chegando a época de transpormos as crenças religiosas e transpormos as barreiras culturais”, defende.

Nos últimos anos, Sato passou a investigar se há valores comuns às diversas culturas e religiões existentes no Brasil.

Uma de suas leituras mais recentes foi A queda do céu, livro escrito pelo xamã yanomami Davi Kopenawa e pelo antropólogo francês Bruce Albert.

Em 2020, Sato visitou aldeias do povo indígena Ashaninka, no Acre, e provou ayahuasca em uma cerimônia tradicional.

Por ter tomado uma dose pequena, diz que não sentiu muitos efeitos. “A ayahuasca tem a propriedade de não lhe fazer perder a essência da consciência, mas sim expandi-la. É isso o que todas as religiões buscam”, afirma.

Outro ponto que o impressionou na viagem foi a convivência entre indígenas e animais. “Tinha um casal de pacas e, toda vez que eu assistia ao cerimonial da ayahuasca, esse casal aparecia e ficava junto de mim”, lembra.

A relação com os bichos na aldeia o remeteu a um preceito budista – a noção de que humanos podem reencarnar como outras espécies, e vice-versa.

Sato estende a possibilidade aos dois cães com que divide a casa, a lhasa Mei Mei e o shih-tzu Kyoshi. “Os bichinhos que estão aqui, que me amam, podem ser renascimento de outros seres do passado. Como podem renascer no futuro como outros seres.”

Em outra viagem, em 2019, esteve nos arredores de Montevidéu para visitar o ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica.

Para Sato, ainda que o ex-presidente uruguaio não tenha religião, “vive como se fosse um verdadeiro budista” e segue três princípios do budismo popular japonês: agradecimento à vida (arigatai), simplicidade (mottainai) e humildade (sumimasen).

Após deixar a regência do templo, Sato passou a ter mais tempo para os dois filhos e quatro netos. Recentemente, separou-se da segunda esposa – que, também monja, migrou para uma corrente budista que lhe exige o celibato.

Hoje ele mora sozinho com os dois cães.

Aos 82 anos de idade, Sato diz acreditar que pode “morrer a qualquer momento”.

Tem medo da morte? “Não. As folhas das árvores envelhecem, caem e morrem, mas não morrem: elas servem de alimento para o novo ciclo de vida”, diz.

“Por ter passado por várias situações de morte, eu até penso na auto-morte: por que que eu estou vivendo? Por que não aproveito a onda e desapareço?”, questiona.

“O que me segura é que eu não tenho certeza se eu passei na plenitude essa minha vida aqui na Terra. Então, estou deixando que a vida continue.”

INSS bloqueia novas adesões de aposentados e pensionistas a associações após denúncias de descontos indevidos

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) determinou nesta quinta-feira (dia 11) que sejam bloqueadas novas adesões de aposentados e pensionistas a entidades associativas. A medida acontece após denúncias de descontos indevidos nos benefícios. O instituto iniciou uma apuração interna para apurar possíveis irregularidades.

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A medida vale a partir do mês que vem, impactando a folha de pagamento que começa a ser depositada no dia 25 de maio.

Na prática, as 35 associações, confederações ou entidades de aposentados conveniadas ao INSS não poderão realizar novas filiações de beneficiários até que seja implementada para todos os beneficiários a biometria facial e a assinatura eletrônica pela Dataprev empresa do governo federal que processa a folha de pagamentos da Previdência Social. Essa restrição já existe para quem se aposentou ou passou a receber pensão a partir de setembro de 2021 e, agora, é estendida para todos os beneficiários.

Mas atenção: a determinação do INSS não vai afetar aposentados e pensionistas que já têm mensalidades de associações descontadas do benefício.

Descontos indevidos

Atualmente, 35 entidades de aposentados e/ou pensionistas possuem os chamados Acordos de Cooperação Técnica (ACT) com o INSS, o que permite que os dados dos beneficiários sejam acessados para que as organizações ofereçam seus serviços, como clubes de benefícios.

Isso quer dizer que as instituições são legais, mas o desconto de mensalidade só pode ser realizado com autorização expressa do beneficiário. No entanto, o INSS afirma ter recebido 700 reclamações em sua ouvidoria de beneficiários que desconhecem os descontos ligados à entidades classe em suas aposentadorias ou pensões.

De acordo com o governo, “apurações já estão em andamento em cinco entidades conveniadas”, mas todos os ACTs serão apurados.

“Se for comprovada a fraude, o contrato poderá ser suspenso e o INSS poderá determinar que a Dataprev suspenda os descontos daquela associação ou entidade envolvida. Somente após essas fases, o ACT com a entidade poderá ser rescindido”, afirmou em nota o instituto.

Como liberar o desconto

Caso deseje se filiar a uma dessas entidades, o aposentado ou pensionista precisará preencher um termo de adesão com seus dados, e acessar um portal do governo, à disposição da entidade, para fazer a assinatura eletrônica avançada e biometria facial.

Como excluir desconto não autorizado

O beneficiário que não reconhecer o desconto da mensalidade associativa na aposentadoria ou pensão pode requerer o serviço “excluir mensalidade associativa” pelo aplicativo ou site Meu INSS ou pela Central 135. Também é possível registrar uma reclamação na Ouvidoria do INSS por meio do Fala.br e também pelo Portal do Consumidor. Confira como:

Entre no Meu INSS (site gov.br/meuinss ou aplicativo para celular). Faça login com CPF e senha do Gov.br. Clique no botão “novo pedido”. Digite “excluir mensalidade”. Clique no nome do serviço/benefício. Leia o texto que aparece na tela e avance seguindo as instruções. Pedir bloqueio de benefício

É possível ainda bloquear o benefício para desconto de mensalidade associativa. Esse serviço também está disponível no Meu INSS. Basta seguir os passos abaixo:

Acesse o Meu INSS (site gov.br/meuinss ou aplicativo para celular). Faça o login pelo CPF e a senha da sua conta Gov.br. No campo de pesquisa da página inicial , digite “solicitar bloqueio ou desbloqueio de mensalidade”. Na lista, clique no nome do serviço/benefício. Leia o texto que aparece na tela e avance seguindo as instruções.

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Mas atenção: a determinação do INSS não vai afetar aposentados e pensionistas que já têm mensalidades de associações descontadas do benefício.

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Isso quer dizer que as instituições são legais, mas o desconto de mensalidade só pode ser realizado com autorização expressa do beneficiário. No entanto, o INSS afirma ter recebido 700 reclamações em sua ouvidoria de beneficiários que desconhecem os descontos ligados à entidades classe em suas aposentadorias ou pensões.

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“Se for comprovada a fraude, o contrato poderá ser suspenso e o INSS poderá determinar que a Dataprev suspenda os descontos daquela associação ou entidade envolvida. Somente após essas fases, o ACT com a entidade poderá ser rescindido”, afirmou em nota o instituto.

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Como excluir desconto não autorizado

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É possível ainda bloquear o benefício para desconto de mensalidade associativa. Esse serviço também está disponível no Meu INSS. Basta seguir os passos abaixo:

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Glória Pires revela que sofreu golpe de funcionária

Após uma funcionária de Glória Pires mover uma ação contra a atriz e pedir uma indenização de mais de meio milhão de reais, o caso teve uma reviravolta. A doméstica alegou que sofreu um acidente de trabalho e precisava cumprir carga horária superior a estabelecida pela lei. Mas a defesa da artista rebateu e fez revelações comprometedoras sobre o caso.

De acordo com informações divulgadas pela jornalista Fábia Oliveira, Glória teria apresentado à Justiça provas de que só soube do acidente da colaboradora depois que recebeu o atestado médico. Logo que tomou ciência do caso, a atriz permitiu que a empregada ficasse em casa de repouso, recebendo o salário normalmente, até que tivesse acesso ao benefício do INSS.

A doméstica que pede uma indenização de R$696.531,42 teria demorado cerca de cinco meses para notificar o ocorrido a Glória. Portanto, apesar do benefício ter sido concedido em abril de 2020, a funcionária só compartilhou com a chefe sobre o ocorrido, em outubro do mesmo ano.

Por este motivo, segundo a colunista, Glória Pires afirmou que foi “enganada”. Logo após descobrir os bastidores da atitude da doméstica, a atriz encerrou o contrato até que o benefício fosse cessado, o que é permitido pela lei. Então, a demissão, aconteceu após o fim do benefício. A decisão de finalizar o vínculo empregatício foi motivada porque Pires não conseguia mais confiar na boa fé da funcionária.

Além disso, Glória afirma que não existe nenhum registro que comprove atendimento da doméstica em uma unidade de emergência hospitalar. Inclusive o tal motorista que teria levado a funcionária ao médico, negou que tenha feito esse serviço. Ele foi ouvido como testemunha no processo. Já no Comunicação de Acidente de Trabalho, consta que a funcionária recebeu atendimento no dia 07/02/2020, mas o curioso é que o atestado é datado em 27/02/2020.

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Glória Pires é processada por ex-funcionária que pede R$ 696 mil

Ex-funcionária da atriz Glória Pires entrou na Justiça pedindo mais de R$ 600 mil de indenização após sofrer um acidente de trabalho. Foram cerca de sete anos trabalhando como cozinheira da artista até ser dispensada, em dezembro de 2021.

Segundo informações do colunista Daniel Nascimento, do jornal O Dia, Denise de Oliveira está pedindo exatamente R$ 696.531,42 de indenização. A ex-funcionária informa que foi contratada em setembro de 2014 para trabalhar como cozinheira com uma remuneração mensal de R$ 5.780.

A cozinha alega no processo que trabalhava mais de 12 horas por dia, de segunda a quinta-feira de 9h até às 22h30. Ela servia desde o café da manhã, almoço até a janta. Exceto nas sextas-feiras, quando fazia a jornada das 9h até às 17h, dia em que encerrava suas atividades e deixava o local de trabalho.

Além disso, Denise de Oliveira também afirma que tinha apenas 30 minutos para seu intervalo de almoço e descanso. E conta que quando sofreu um acidente de trabalho no dia 7 de setembro de 2020, ao abrir o congelador. Uma das gavetas caiu sobre seu braço esquerdo. Com o impacto, sofreu uma fratura no punho, o que instantaneamente ocasionou um inchaço.

A cozinheira chegou a ser socorrida pelo motorista da família Pires, e deu entrada no pronto-socorro do Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. No entanto, após passar pela avaliação médica foi afastada para o INSS onde permaneceu até setembro de 2021. Mas ao retornar aos trabalhos em dezembro daquele ano, Denise foi dispensada sem justa causa e informada que não precisava cumprir aviso prévio, pois tudo seria pago em sua rescisão contratual.

Glória Pires oferece R$ 35 mil

Neste ano, em fevereiro, a defesa de Glória Pires ofereceu uma conciliação R$ 35 mil, valor esse que foi recusado pela ex-cozinheira que optou por seguir com o processo. Procurada a assessoria de imprensa de Glória Pires, não se manifestou sobre o processo.

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